O horário de verão é um grande desrespeito aos direitos humanos do cidadão. O relógio biológico é um importante indicador de bem estar físico e psicológico dos seres humanos. Principalmente os trabalhadores que acordam muito cedo, a medida é draconiana, autoritária e de resultados bastante duvidosos quanto à economia de energia obtida através deste famigerado horário de verão. Não há nada que diferencie tanto a sociedade ocidental de nossos dias, das sociedades mais antigas da Europa e do Oriente do que o conceito de Tempo.
Tanto para os antigos gregos e chineses quanto para os árabes ou para o peão boiadeiro brasileiro de hoje, o tempo é representado pelos processos cíclicos da natureza, pela sucessão de dias e noites, pela passagem das estações. O processo natural de acender uma lâmpada, uma vela ou um lampião a querosene quando ao anoitecer e apagá-lo ao clarear é um ato que não pode ser regulamentado por decretos governamentais, isto é uma intromissão absurda.
O Horário de Verão é uma intromissão oficial no modus vivendi das pessoas. As instituições que desejarem um melhor aproveitamento dos dias mais longos no verão que o façam de forma individualizada, não adiantando e atrasando os ponteiros dos relógios. O governo deve buscar alternativas energéticas mais eficientes, mais criativas para combater o déficit energético. A educação ambiental no combate ao desperdício deveria começar na Esplanada dos Ministérios em Brasília, sempre com a maioria das lâmpadas acesas durante noites inteiras. O governo deve dar o exemplo de austeridade no consumo de energia.
Os povos nômades do mundo árabe e os fazendeiros costumavam medir, e ainda o fazem, seu dia do amanhecer até o crepúsculo. As estações dos anos são referências em termos de tempo de plantar e de colher, das folhas que caem e do gelo derretendo nos lagos e rios. O homem do campo trabalhava em harmonia com os elementos naturais, como um artesão, durante tanto tempo quanto julgasse necessário.
O tempo era visto como um processo natural de mudanças climáticas. Hoje, o efeito estufa, resultante da queima dos combustíveis fósseis, altera as estações do ano de forma insofismável. Até o início da revolução industrial os homens não se preocupavam em medir o tempo com exatidão. Por essa razão, civilizações que eram altamente desenvolvidas sob outros aspectos dispunham de meios bastante primitivos para medir o tempo, tais como a ampulheta e o relógio de Sol. Todos esses dispositivos forneciam medidas aproximadas de tempo e tornavam-se muitas vezes falhos pelas condições do clima ou pela inabilidade daqueles que os manipulavam.
Em nenhum lugar do mundo antigo ou da Idade Média, havia mais do que uma pequeníssima minoria de homens que se preocupasse realmente em medir o tempo em termos de exatidão matemática. Somente os cientistas e os filósofos tinham esta preocupação com o tempo de forma exata. O homem ocidental civilizado, entretanto, vive num mundo que gira de acordo com os símbolos mecânicos e matemáticos das horas marcadas pelos relógios. É ele que vai determinar seus movimentos e dificultar suas ações. O relógio transformou o tempo, de um processo natural, em uma mercadoria que pode ser comprada, vendida e medida como um taxímetro.
E, pelo simples fato de que, se não houvesse um meio para marcar as horas com exatidão, o capitalismo industrial nunca poderia ter se desenvolvido, nem teria continuado a explorar os trabalhadores, o relógio representa um elemento de ditadura mecânica na vida do homem moderno, mais poderoso do que qualquer outro explorador isolado ou do que qualquer outra máquina. A princípio, esta nova atitude em relação ao tempo, este novo ritmo imposto à vida foi ordenado pelos patrões, os senhores do relógio, e os pobres o recebiam a contragosto. Na Inglaterra, os operários escravos das fábricas reagiam, nas horas de folga, vivendo na caótica irregularidade que caracterizava os cortiços encharcados de Gim dos bairros pobres de Londres no início da revolução industrial do século XIX. Hoje em dia, de forma muito similar, os operários bebem Cachaça nas periferias suburbanas das metrópoles do Brasil como única forma de lazer. Os homens se refugiavam no mundo sem hora marcada da bebida. Mas aos poucos, a idéia de regularidade espalhou-se, chegando a todos os operários. A religião e a moral do século XIX desempenharam seu papel, ajudando a proclamar que perder tempo era um pecado, porque análise e reflexão no capitalismo, costumam gerar confusão. A introdução dos relógios, fabricados em massa a partir de 1850, difundiu a preocupação com o tempo entre aqueles que antes se haviam limitado a reagir ao estímulo do despertador ou à sirene da fábrica. Na igreja e na escola, nos escritórios e nas fábricas, a pontualidade passou a ser considerada como a maior das virtudes. E desta dependência servil e ignóbil ao tempo marcado nos relógios espalhou-se insidiosamente por todas as classes sociais no século XIX, surgiu a arregimentação desmoralizante que ainda hoje caracteriza a rotina das fábricas. O operário passou a ser um verdadeiro escravo dos relógios e das sirenes. O homem que não conseguir ajustar-se deve enfrentar a desaprovação da sociedade e a ruína econômica, a menos que abandone tudo, passando a ser um dissidente para o qual o tempo deixa de ser importante.
Refeições feitas às pressas, a disputa de todas as manhãs e de todas as tardes por um lugar nos ônibus, trens e metrôs, a tensão de trabalhar obedecendo a horários, tudo isso contribui, pelos distúrbios digestivos e nervosos que provocam, para arruinar a saúde e encurtar a vida dos homens. Nem poderíamos afirmar que a imposição financeira da regularidade de horários tenha contribuído em longo prazo para o aumento da eficiência. Na verdade, a qualidade do produto parece ter até diminuído, pois o empregador que vê o tempo como uma mercadoria pela qual tem de pagar, obriga o operário a trabalhar numa velocidade tal que a produção forçosamente será de qualidade inferior.
O critério passa a ser de quantidade e não de qualidade e já não há mais o prazer do trabalho pelo trabalho. O operário transforma-se, por sua vez, num especialista em olhar o relógio, preocupado apenas em saber quando poderá escapar para gozar suas escassas e monótonas formas de lazer que a sociedade industrial lhe proporciona; onde ele, para "matar o tempo", programará tantas atividades mecânicas com tempo marcado, como ir ao cinema, ouvir rádio e ler jornais, quanto permitir o seu salário e o seu cansaço.
Somente quando se dispõe a viver em harmonia com sua Fé com sua Inteligência e sua Arte, é que o homem com pouco dinheiro conseguirá deixar de ser um escravo do relógio e conquistará sua verdadeira liberdade.
Tanto para os antigos gregos e chineses quanto para os árabes ou para o peão boiadeiro brasileiro de hoje, o tempo é representado pelos processos cíclicos da natureza, pela sucessão de dias e noites, pela passagem das estações. O processo natural de acender uma lâmpada, uma vela ou um lampião a querosene quando ao anoitecer e apagá-lo ao clarear é um ato que não pode ser regulamentado por decretos governamentais, isto é uma intromissão absurda.
O Horário de Verão é uma intromissão oficial no modus vivendi das pessoas. As instituições que desejarem um melhor aproveitamento dos dias mais longos no verão que o façam de forma individualizada, não adiantando e atrasando os ponteiros dos relógios. O governo deve buscar alternativas energéticas mais eficientes, mais criativas para combater o déficit energético. A educação ambiental no combate ao desperdício deveria começar na Esplanada dos Ministérios em Brasília, sempre com a maioria das lâmpadas acesas durante noites inteiras. O governo deve dar o exemplo de austeridade no consumo de energia.
Os povos nômades do mundo árabe e os fazendeiros costumavam medir, e ainda o fazem, seu dia do amanhecer até o crepúsculo. As estações dos anos são referências em termos de tempo de plantar e de colher, das folhas que caem e do gelo derretendo nos lagos e rios. O homem do campo trabalhava em harmonia com os elementos naturais, como um artesão, durante tanto tempo quanto julgasse necessário.
O tempo era visto como um processo natural de mudanças climáticas. Hoje, o efeito estufa, resultante da queima dos combustíveis fósseis, altera as estações do ano de forma insofismável. Até o início da revolução industrial os homens não se preocupavam em medir o tempo com exatidão. Por essa razão, civilizações que eram altamente desenvolvidas sob outros aspectos dispunham de meios bastante primitivos para medir o tempo, tais como a ampulheta e o relógio de Sol. Todos esses dispositivos forneciam medidas aproximadas de tempo e tornavam-se muitas vezes falhos pelas condições do clima ou pela inabilidade daqueles que os manipulavam.
Em nenhum lugar do mundo antigo ou da Idade Média, havia mais do que uma pequeníssima minoria de homens que se preocupasse realmente em medir o tempo em termos de exatidão matemática. Somente os cientistas e os filósofos tinham esta preocupação com o tempo de forma exata. O homem ocidental civilizado, entretanto, vive num mundo que gira de acordo com os símbolos mecânicos e matemáticos das horas marcadas pelos relógios. É ele que vai determinar seus movimentos e dificultar suas ações. O relógio transformou o tempo, de um processo natural, em uma mercadoria que pode ser comprada, vendida e medida como um taxímetro.
E, pelo simples fato de que, se não houvesse um meio para marcar as horas com exatidão, o capitalismo industrial nunca poderia ter se desenvolvido, nem teria continuado a explorar os trabalhadores, o relógio representa um elemento de ditadura mecânica na vida do homem moderno, mais poderoso do que qualquer outro explorador isolado ou do que qualquer outra máquina. A princípio, esta nova atitude em relação ao tempo, este novo ritmo imposto à vida foi ordenado pelos patrões, os senhores do relógio, e os pobres o recebiam a contragosto. Na Inglaterra, os operários escravos das fábricas reagiam, nas horas de folga, vivendo na caótica irregularidade que caracterizava os cortiços encharcados de Gim dos bairros pobres de Londres no início da revolução industrial do século XIX. Hoje em dia, de forma muito similar, os operários bebem Cachaça nas periferias suburbanas das metrópoles do Brasil como única forma de lazer. Os homens se refugiavam no mundo sem hora marcada da bebida. Mas aos poucos, a idéia de regularidade espalhou-se, chegando a todos os operários. A religião e a moral do século XIX desempenharam seu papel, ajudando a proclamar que perder tempo era um pecado, porque análise e reflexão no capitalismo, costumam gerar confusão. A introdução dos relógios, fabricados em massa a partir de 1850, difundiu a preocupação com o tempo entre aqueles que antes se haviam limitado a reagir ao estímulo do despertador ou à sirene da fábrica. Na igreja e na escola, nos escritórios e nas fábricas, a pontualidade passou a ser considerada como a maior das virtudes. E desta dependência servil e ignóbil ao tempo marcado nos relógios espalhou-se insidiosamente por todas as classes sociais no século XIX, surgiu a arregimentação desmoralizante que ainda hoje caracteriza a rotina das fábricas. O operário passou a ser um verdadeiro escravo dos relógios e das sirenes. O homem que não conseguir ajustar-se deve enfrentar a desaprovação da sociedade e a ruína econômica, a menos que abandone tudo, passando a ser um dissidente para o qual o tempo deixa de ser importante.
Refeições feitas às pressas, a disputa de todas as manhãs e de todas as tardes por um lugar nos ônibus, trens e metrôs, a tensão de trabalhar obedecendo a horários, tudo isso contribui, pelos distúrbios digestivos e nervosos que provocam, para arruinar a saúde e encurtar a vida dos homens. Nem poderíamos afirmar que a imposição financeira da regularidade de horários tenha contribuído em longo prazo para o aumento da eficiência. Na verdade, a qualidade do produto parece ter até diminuído, pois o empregador que vê o tempo como uma mercadoria pela qual tem de pagar, obriga o operário a trabalhar numa velocidade tal que a produção forçosamente será de qualidade inferior.
O critério passa a ser de quantidade e não de qualidade e já não há mais o prazer do trabalho pelo trabalho. O operário transforma-se, por sua vez, num especialista em olhar o relógio, preocupado apenas em saber quando poderá escapar para gozar suas escassas e monótonas formas de lazer que a sociedade industrial lhe proporciona; onde ele, para "matar o tempo", programará tantas atividades mecânicas com tempo marcado, como ir ao cinema, ouvir rádio e ler jornais, quanto permitir o seu salário e o seu cansaço.
Somente quando se dispõe a viver em harmonia com sua Fé com sua Inteligência e sua Arte, é que o homem com pouco dinheiro conseguirá deixar de ser um escravo do relógio e conquistará sua verdadeira liberdade.
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