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terça-feira, 1 de abril de 2008

Economia Cíclica para uma Vida Melhor

Economia Cíclica para uma Vida Melhor
"Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma" Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794)


Um dos primeiros registros sobre a reciclagem pode ser encontrado na Doutrina de Buda no ensinamento Dhammapada Atthakathã. As antigas escrituras do Budismo, segundo Bukkio Dendo Kyokay, apresenta-nos uma passagem onde há uma preocupação com a conservação dos materiais.
Certa vez, Syamavati, a rainha consorte do Rei Udayana, ofereceu quinhentas peças de roupa à princesa Ananda, que as aceitou com grande satisfação. O Rei, tomando conhecimento do ocorrido e suspeitando de alguma desonestidade por parte de Ananda, perguntou-lhe o que iria fazer com estas quinhentas peças de roupa. Ananda repondeu-lhe: "Ó meu Rei, muitos irmãos estão em farrapos e eu vou distribuir estas roupas entre eles". Assim estabeleceu-se o seguinte diálogo :
- O que faremos com as velhas roupas ?

- Faremos lençóis com elas.

- O que faremos com os velhos lençóis ?
- Faremos fronhas.
- O que faremos com as velhas fronhas ?

- Faremos tapetes com elas.

- Usá-lo-emos como toalhas de pés.

- Usá-la-emos como panos de chão.
- Sua alteza, nós os cortaremos em pedaços, misturá-los- emos com o barro e usaremos esta massa para rebocar as paredes das casas...
O texto do Zen Budismo mostra-nos que o atentado contra a matéria é impossível. Não se pode destruir tudo, sempre haverá um resto a ser considerado. O que é lixo para alguns poderá ser algo valioso para outros. Devemos, portanto, usar com cuidado e proveitosamente, todo artigo que a nós for confiado, pois não é nosso e nos foi confiado apenas temporariamente.
O acúmulo de lixo em áreas urbanas é um dos principais fatores responsáveis por inundações e desabamentos, além de constituir ameaça à saúde pública é fator de depreciação da auto-estima e da péssima imagem das cidades que não conseguem lidar adequadamente com a sua coleta e destinação final dos materiais. A má disposição dos resíduos industriais, alguns altamente poluentes, contamina o solo, o lençol freático e causa danos gravíssimos à saúde das populações.
É necessário diminuir o volume de lixo mudando a mentalidade sobre as embalagens baseada no desperdício, reduzindo e simplificando ao máximo os invólucros, desestimulando o uso intensivo dos plásticos e obrigando as empresas de bebidas e outras a assumirem sua parte de responsabilidade na reciclagem de latas e garrafas plásticas, acabando com a cultura dos descartáveis.
Muitas embalagens são completamente desnecessárias, tais como a caixa que embala um tubo de pasta dental, não há necessidade, pois o tubo já é uma embalagem apropriada e suficiente.
Assumir o lixo também como um problema cultural com um intenso trabalho de conscientização para obter mudanças comportamentais e implementar projetos de coleta comunitária, compra do lixo em comunidades carentes, onde ele constitui fator de risco, cooperativas de catadores, programas de separação e coleta seletiva para a reciclagem.
Considerar a reciclagem de componentes do lixo e dos entulhos um imperativo ambiental e um investimento no futuro, independentemente de ser ou não uma atividade deficitária em curto prazo; acabar com os vazadouros a céu aberto para a deposição final do lixo, substituindo-os por aterros sanitários ambientalmente administrados com reflorestamento, tratamento adequado do chorume e captação de gás metano.
As usinas de reciclagem e compostagem são soluções aceitáveis, desde que sua tecnologia seja apropriada às nossas condições climáticas e de mão de obra. Já a introdução de incineradores é questionável pelos custos diretos e indiretos, riscos de poluição com Dioxinas e outros relativos a soluções de alta tecnologia transpostas fora do contexto climático, técnico e cultural onde foram concebidas, embora isso não deva ser tratado como um dogma para todas as situações. O desenvolvimento sustentável através da Economia Cíclica é um caminho para combater a miséria e o desperdício. Isso significa gerar trabalho e empregos de forma intensiva na preservação e recuperação ambiental e desenvolver novos setores da economia baseada em tecnologias limpas e não poluentes.

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