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sábado, 18 de julho de 2009

Empresa acusada de exportar lixo nega envio de material irregular

Daniel Gallas - Da BBC Brasil em Londres

O proprietário de duas empresas citadas pelo Ibama como exportadoras dos contêineres de lixo encontrados em portos do Brasil negou responsabilidade pelo material irregular. Em entrevista à BBC Brasil, o brasileiro Julio Cesar Rando da Costa, dono da A Worldwide Biorecyclables Ltda. e da UK Multiplas Recycling Ltda., defendeu-se das acusações dizendo que a responsabilidade pelo lixo enviado ao Brasil é de fornecedores britânicos com os quais as suas empresas trabalham. A Polícia Federal está investigando a origem de 89 contêineres que foram encontrados nos portos de Santos (SP), Rio Grande (RS) e na alfândega de Caxias do Sul (RS) com centenas de toneladas de lixo. Entre o material encontrado, estariam pilhas, seringas, camisinhas e fraldas usadas.
Clique Leia também na BBC Brasil: Brasil investiga contêineres de lixo enviados da Grã-Bretanha
Responsabilidade
Julio Cesar Rando da Costa – paranaense com cidadania portuguesa e morador de Swindon, na Grã-Bretanha – fundou a Worldwide Biorecyclables, que entrou em falência neste ano. Em seguida, ele criou a UK Multiplas Recycling, que opera no mesmo local, em Swindon. Costa afirmou que a sua empresa faz apenas a prensagem do plástico recolhido por empresas britânicas e exporta a sucata para o Brasil. Ele disse que a responsabilidade por qualquer outro material que tenha chegado ao Brasil seria das fornecedoras britânicas. Costa ainda afirmou não ter sido procurado pelo Ibama ou pelo governo brasileiro. "Se tem qualquer coisa lá dentro que não é plástico, eu tenho contrato com a fornecedora britânica de lixo no qual está escrito que é só plástico que eles têm que passar para a gente", disse Costa à BBC Brasil, nesta sexta-feira, por telefone. "É o pessoal das casas que joga [o lixo] das suas casas na caçamba aqui na Inglaterra. Alguém pode ter jogado alguma coisa lá no meio que o funcionário deles não viu." "Já teve vez que encontramos galão de tinta cheio, galão de veneno para passar na grama (pesticidas), então eles [os funcionários de Costa] tiravam fora e reclamavam à empresa [fornecedora] para que eles não deixassem acontecer isso." Costa afirma que os clientes brasileiros nunca reclamaram da sucata de plástico exportada para o país. "Lá no Brasil as empresas que importavam diziam: 'Júlio, não tem problema', porque nós não fabricamos nada para [embalagem de produto] comestível.' O que é reciclado lá é usado para outras coisas, como caixaria, mangueira, outras coisas - então não tem problema. Lá eles tinham um pessoal que fazia rastreamento, separava tudo na mão."
Brinquedos
A polícia afirmou que um dos contêineres de lixo que chegou da Inglaterra ao Brasil continha brinquedos sujos com um recado em português "Lave antes de dar às crianças pobres brasileiras" . Costa confirma a informação e diz que foram os funcionários brasileiros da sua empresa que escreveram o bilhete. "Não eram brinquedos sujos. Como aqui o povo da Inglaterra joga muita coisa boa fora, eles [os funcionários de Costa] pegaram um monte de bolas novas e boas que vinham, pegaram brinquedos – esses carrinhos de controle remoto bons – e colocaram separados em um buraco que veio em um contêiner. Mas é plástico limpo. E eles colocaram separado no contêiner. Eles mandaram para ser consertado e dado para crianças lá no Brasil."

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