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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Ensaio sobre as mudanças climáticas (3ª Parte)

A "Teoria dos Erros", junto com o "Discurso sobre o Método", de René Descartes, servem para bem conduzir a razão na busca da verdade, algo que se faz necessário para alguma claridade no complexo e nebuloso assunto das mudanças climáticas; fato gerador de muito calor e pouca luz. Mudanças climáticas, é chama sempiterna, que se nutre dos seus próprios raios, tórridos verões, entremeados de caudalosas chuvas, nevascas, deslizamentos das encostas e acaloradas discussões, sem módulo, nem direção ou sentido...

Os erros, estes podem ser aleatórios ou randômicos, sistemáticos, de métodos, ou estatísticos. Este último, é um dos mais temíveis, devemos ter muito cuidado com as estatísticas, sempre.

Vou exemplificar, com alguns fatos, o quanto a estatística poderá levar a conclusões errôneas, meias verdades ou mentiras completas. Exemplificarei o assunto para torná-lo, algo mais palatável.

Um "corpo", pode estar mergulhado em um cilindro criogênico com Nitrogênio líquido à "-180ºC" , isolado perfeitamente da outra meia extremidade, dentro dum forno de pizza à "253,60 ºC". Não podemos afirmar que este corpo seja humano e, uma vez que sua temperatura média é de 36,8 ºC, não está com febre e, portanto, "goza de boa saúde"... Um computador é capaz e fazer erros grosseiros deste tipo, quando processa uma vasta massa de dados, sem um programa muito bem elaborado. Nenhum ser humano ousaria propor erro crasso como este, somente os computadores, portanto ad cautelam.

O exemplo pode parecer exagerado, mas não é, quando se utiliza uma imensa massa de dados, oriunda das estações meteorológicas, sem um critério do que se está buscando, os erros estatísticos baseados em médias, medianas, freqüências, variâncias e desvios padrões, são muito freqüentes em várias áreas do conhecimento. Vamos exemplificar com alguns fatos reais, que considero marcantes na Física, quanto à idade da Terra, entre outros fatos, como a produção de petróleo e a população humana, para que o leitor amigo possa notar, o quando as idéias mudam ao longo do tempo e a estatística não é uma ciência exata.

O jovem Ernest Rutherford nunca se esqueceu daquela reunião, em 1904, em Londres, onde a convite faria uma conferência sobre a radioatividade, um novo assunto que fascinava os Físicos da época...

“Entrei no salão parcialmente sombrio e imediatamente divisei com o Lorde Kelvin no auditório, que já havia contestado as idéias de Charles Darwin sobre a idade da Terra. Compreendi logo que ia ter aborrecimentos ao final do meu discurso, ao abordar o problema da idade da Terra, porque minhas idéias estavam em contradição com as suas.”

Para o Lorde Kelvin a Terra, pelos métodos estatísticos adotados, teria não menos do que 20 milhões e não mais do que 40 milhões de anos. Para o Lorde Kelvin a Terra e o Sol estavam resfriando simultaneamente, a uma dada taxa de arrefecimento constante.

Todavia, Ernest Rutherford, fundou a Física nuclear moderna, sendo o primeiro a explicar a estrutura do átomo e o fenômeno da radioatividade, que levaram à datação da Terra entre 4,5 a 4,7 bilhões de anos, dados atualmente bem aceitos. O primeiro desintegrador de átomos, Ernest Rutherford, colocou a radioatividade a serviço da Geologia contestando a geocronologia do Lorde Kelvin baseada no arrefecimento da Terra, comprovando que a Terra não está esfriando, pois é...

No pesado e corpulento livro (uns 3,5kg) de Stephane Groueff, L’Homme et la Térre, no original em Francês de 1974, traduzido para o Português de forma primorosa como ‘O Enigma da Terra’ pela Editora Primor, foi uma importante referência para os estudantes das Ciências Naturais dos anos 70, e faz a seguinte afirmação lá no alto da página 354, “dentro de trinta anos as reservas de petróleo estarão esgotadas" . Todavia em 1974 o consumo de petróleo do mundo era de 56,68 milhões de Barris por dia, ou 2822,664 milhões de toneladas ao ano. Após os trinta anos da hipótese do fim do petróleo ser lançada, em 2004 o consumo do petróleo chegou a 82,41 milhões de Barris de petróleo ao dia, ou 4104,018 milhões de toneladas ao ano, um aumento de 45,39% nestes 30 anos, segundo dados do U.S. Department of Energy, Energy Information Administration”.

A conceituada revista da NGS, National Geographic Magazine Nº4 de Outubro de 1998 – na série Millennium Supplement Population, na página 42 faz uma projeção muito modesta da população mundial de 4,75 bilhões em 1998 para uma projeção de 8,20 bilhões em 2050. Em 2010 já estamos próximos dos 7 bilhões, suponho que em 2050, esta passará, dos 8,20 bilhões projetados pela NGS, e com folga. Pode-se observar que as curvas de crescimento da população, é uma Equação Diferencial de uma Cinética de Primeira Ordem e acompanha, bem aproximadamente, a curva de aumento de CO2, o dióxido de carbono na atmosfera, e isto é um fato bem comprovado.

Quanto ao Discurso sobre o Método de René Descartes, há de se estabelecer alguns limites no tempo para se ter uma análise ao alcance com uma lente de grande angular, dentro do espectro visível. Algo assim, um universo de eventos que trate de cem anos atrás, quando as mudanças climáticas causadas pela ação antrópica, acentuaram-se com a Revolução Industrial, e previsão de cem anos à frente. Assim estaremos dentro de uma linha de ações, algo factível, tangível pelos fatos das últimas gerações e previsível para a próxima geração imediata. O Lorde Keynes, grande matemático, afirmava que as previsões deveriam se ater ao máximo à cem anos, "pois daqui um século, todos estaremos mortos", ou pouquíssimas pessoas estarão vivas e os dados de cem anos atrás ainda são bem rastreáveis e suportáveis ao manuseio...

Caso contrário, se ativermo-nos, desde os primórdios da longa História Geológica da Terra, desde os mais antigos registros ou alfarrábios conhecidos, até quando o Sol se resfriar, devido todas as reações nucleares solares se completarem, do Hidrogênio em Hélio, este em Carbono, então o Sol se inflará com grande aquecimento e se apagará para todo o sempre, não restando mais pedra sobre pedra, talvez apenas o nascer de um buraco negro e nada mais. Somente a Deus cabe fazer uma análise de tamanha amplitude, do alfa ao omega. Este fenômeno cosmológico vai demorar, pelo menos mais cinco bilhões de anos e, até lá o homem já foi extinto e a Terra poderá ter uma superfície árida, similar à de Marte.

Isso tudo poderá virar um massudo tratado filosófico, de pouca utilidade prática, que ninguém terá paciência de ler e compreender ou chegar a alguma conclusão prática, aplicável no curto prazo.

O debate sobre o clima é lenha na fogueira das discussões que opõe cientistas para quem o aquecimento global, se existe, é um fenômeno natural - e tem precedentes na história da humanidade - e cientistas para quem o efeito é causado pelo homem e acentuado pelas emissões de gases que causam o efeito estufa.

Nos últimos anos, os cientistas que alertam para as causas humanas, por traz do aquecimento, conseguiram fazer prevalecer sua visão, sobretudo no Painel Inter-governamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês) da ONU. A estatística está fundamentada em correlações às vezes mentirosas, e perigosas. Jamais pode se afirmar, que as geleiras da cadeia do Himalaia até 2035, estarão derretidas, ou que o nível dos mares subirá exatamente 82cm, até o fim do século. Estas projeções são fruto do pensamento linear e cartesiano.

Estamos tratando de sistemas cíclicos e dinâmicos, não lineares, em alguns locais pode subir mais, em outros pode recuar, no Estado de Santa Catarina a cota do Rio Itajaí já subiu 18 metros acima do seu leito natural, estamos tratando de complexos sistemas dinâmicos, onde não há mais lugar para o pensamento linear e cartesiano.

Entre as evidências citadas por Watts (bom nome), para defender sua tese está uma foto que mostra como a estação de medição no aeroporto de Fiumicino, em Roma, está posicionada atrás da pista de decolagem, recebendo os gases aquecidos emitidos pelas aeronaves. Outra estação de medição está instalada dentro de um estacionamento de concreto na cidade de Tucson, no Arizona. Essas são situações que, segundo o cientista, afetam o uso dos solos e a paisagem urbana ao redor da estação, refletindo muito mais as mudanças nas condições locais, ou seja, o micro-clima do que na tendência global da Terra.

Na América do Sul, o pesquisador afirma que as estações que medem a temperatura nas altas altitudes deixaram de ser consideradas, levando os cientistas a avaliar a mudança climática nos Andes por meio de uma leitura dos dados na costa do Peru e do Chile e da selva amazônica. Para o pesquisador, estas falhas tornam "inútil" a leitura dessas medições colhidas em solo. Watts sustenta que o monitoramento via satélite é mais exato e deveria ser o único adotado. Concordo vetorialmente com o "Mr. Watts", em módulo, direção e sentido.

As fotografias obtidas pelos satélites, podem ser trabalhadas com sofisticados softwares de tratamento de imagens, de geo-referenciamentos, embora esta base de dados não dispense uma análise criteriosa dentro da Física Clássica, com as Leis da Termodinâmica, da Química, o uso da Estequiometria e da Termoquímica, da Matemática, a Álgebra Linear e os fundamentos do Cálculo Diferencial e Integral, isto seria a base de um tratamento do problema de forma clássica, onde deveria se trabalhar nas causas e efeitos conjuntamente.

Quanto às fotografias, obtidas das imagens simuladas dos satélites, são úteis, evidentemente, com cores várias, podem, fazer um belo data-show do problema, um dégradé de cores mais suaves até matizes mais fortes para teores de dióxido de carbono em ppm na atmosfera, estes tipos de software são análogos aos utilizados em mineração, para se observar como os teores de algum minerais estão distribuídos em uma mina, o conhecido software Data-Mine, que é abastecidos com análises de Geoquímica da Espectrometria de Raio-X, nas quais trabalhei durante muitos anos.

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