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segunda-feira, 5 de abril de 2010

Hidroelétricas em Debate




Fotos de Balbina na abertura do canal



* Faltas de roçado e de limpeza na área alagada...
* Faltas de recuperação das Madeiras, perda da Fauna e Flora...



Vistas da Represa




O diretor e produtor de filmes como Titanic e Avatar, James Cameron esteve como um alienígena a abraçar os nativos da Amazônia Brasileira durante sua curta visita a diversas comunidades ao longo do Rio Xingu para falar de forma afável sobre os impactos sociais e ambientais na planejada represa de Belo Monte no Estado do Pará, dando palpites aqui e ali dentro do nosso Brasil varonil. Mr. Cameron recomendou para o Governo Brasileiro não construir a represa e considerar outras medidas alternativas. - Quais seriam estas ?

Pergunto eu, e valem as aspas: “Qual alternativa de geração o cara pálida sugeriu?” A melhor alternativa em questões de geração de energia elétrica, quase sempre será a geração hídrica. As alternativas imediatas são Energia Nuclear, com seus nefastos lixos daninhos a serem reciclados de forma correta e as famigeradas Usinas Termoelétricas, geradoras do também daninho e nefasto efeito estufa. Mas, não me olhem assim, hoje já não é primeiro de abril e defendo a Energia Solar entre outras formas de Tecnologias Brandas, como a Eólica, Geotérmica, Geração pelas Ondas e Marés, Biomassas, mas a questão central, o então chamado ‘busílis’ da questão energética, está na “Escala de Geração”. Nesta proporção, somente as hidroelétricas apresentam a melhor relação custo/ benefícios, a questão é matemática, não é cinematográfica.
- Pois é...

Além do fato, que nenhum funcionário da Eletronorte ter entrado no set de filmagem para dar palpites nos sucessos de bilheteria, embora de gosto duvidoso filme ‘Avatar’, nem nas filmagens do ‘Titanic’, dois filmes esquecíveis na minha modesta opinião de cinéfilo, muito assistido na atual sociedade de consumo enlatados, tal qual as sopas Campbell's também são consumidas.

Mas, Belo Monte se sustentará sozinha? Os técnicos verificaram que a usina de Kararaô, rebatizada como “Belo Monte”, para evitar os trocadilhos infames, se viabilizava economicamente sozinha, desde que interligada ao Sistema Elétrico Brasileiro através da ONS a Operadora Nacional. Com as Hidroelétricas de Tucuruí ao Norte e Itaipu ao Sul faria integração com regiões que têm carência de energia, produzindo mais energia numa época em que outras áreas estão com os reservatórios mais baixos. Até 2010 não foi prevista mais nenhuma usina para o Rio Xingu.

Também caberia mais uma usina, a antiga Babaquara. Ora pois, defendemos uma Babaquara refeita, com um reservatório menor, com cota mais baixa, com menos impactos ambiental e social, utilizando das melhores tecnologias para aumentar a eficiência na geração energética.

Desejo muito que Belo Monte repita de forma melhorada o que está acontecendo em Tucuruí. Eu desafio qualquer ecologista, ambientalista e socialista, a ir lá em Tucuruí. Como em Belo Monte já vai nascer incorporando o aprendizado de Tucuruí, com certeza não vai repetir o começo de Tucuruí. Espero que possamos ver daqui a alguns anos acontecendo na região o que está ocorrendo hoje em Tucuruí. Em relação a Balbina, a polêmica é muito maior, uma obra realizada no afogadilho da emergência energética, na eminente falta de kilowatts para suprir Manaus.

Quando estive no estado do Amazonas, em meados dos anos 90, a fazer pesquisas de geoquímica, observei através de um chacoalhante avião Bandeirante, a imensidão do espelho d’água da Hidroelétrica de Balbina. Não havia uma geografia favorável para implantar uma hidroelétrica naquele local de cotas tão baixas, com poucas pedras, poucas elevações. E, atenção neste detalhe, a bacia Amazônica, por ser sedimentar, quase não há pedras para fazer barragens, estradas e enrocamentos. Mesmo para se fabricar cimento na sua única fábrica, o calcário vem de muito longe, em navios chatas, a um preço bastante alto. Portanto, construir estradas e barragens no Estado do Amazonas, tem um custo diferenciado do que em outros locais. Seguramente, eu não defenderia uma nova Balbina. Muitos erros ambientais, falta de planejamento, fauna e flora perdidas de forma irresponsável, estudaria outras alternativas e um melhor planejamento da obra.
Mas, aconselharia a quem tem dúvida a ir lá, conhecer os Waimiri-Atroari. Uma nação em extinção, que tinha 374 índios doentes, com uma taxa anual de decréscimo superior a 20%, e hoje uma nação com mil indivíduos com poucos índios doente. Um projeto que chefes de Estado do mundo veio conhecer, e os brasileiros não conhecem. Imagine Manaus sem Balbina. Só um dado: Balbina, pelo custo evitado, já se pagou mais de duas vezes. Balbina tem 250 megawatts instalados para uma área alagada de 3 mil km2, a grosso modo. Belo Monte terá 11.182 MW para 400 km2. Na época, quem tomou a decisão dentro dos parâmetros disponíveis, acertou. Tucuruí hoje é uma experiência que dá orgulho aos brasileiros que apreciam obras sem as eternas zic-ziras burocráticas.
Sem mais prolegômenos, aqui encerro esta crônica, precisamos destas obras, mais geração de kilowatts, menos palavrórios, menos burocracias e muito menos os inconvenientes apagões, sempre nos pegando, assim, tão de surpresa, sempre em horários inoportunos...

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