Até o século 21, as questões ambientais foram relegadas a um segundo plano; e durante muitos anos não foram sequer consideradas. Hoje antes que termine a primeira década do século 21, enfrentamos o dilema do alto preço do barril de petróleo, beirando estratosféricos valores de US$140,00 dólares e os alimentos acompanhando esta alta. Mas, somente quando os sistemas viários começaram a dar sinais de fadiga - de arteriosclerose mesmo - com grandes congestionamentos causados pelo trânsito cada dia mais lento e caótico, o transporte individual começou a ser analisado críticamente. O automóvel, ícone do Capitalismo e do transporte individual, passa a ser questionado de forma intrínseca. Assim, o transporte coletivo passou a ser um item prioritário em qualquer agenda de economia sustentável. O paradoxo do início do século 21 é que a mão de obra passou ser superofertada, exigindo-se maior competitividade, e conseqüentemente, maior mobilidade das pessoas, de suas vivendas até o seu local de trabalho. A mobilidade da população passou a ser avaliada de forma sistêmica, merecendo especial atenção e recursos dos Poderes Públicos. O automóvel, sem dúvida alguma passou a ser um item de maior impacto no meio ambiente. Entretanto os ativos ambientais como água, ar, solos agricultáveis começaram a escassear, tornando-se cada dia mais valiosos. O modelo rodoviário, primado absoluto do automóvel, como paradigma de deslocamento e de status moldou cidades perversas nas quais o trânsito se transforma num dos principais vetores da violência urbana, onde a população paga caro por um transporte urbano ineficaz. Observa-se que é preciso priorizar o transporte de massas nas suas alternativas mais eficientes e não poluentes, de acordo com as condições específicas da cada cidade: trens de superfície, metrôs, bondes, e as formas de integração intermodais. Projetos avançados em que harmonizam trens elétricos de superfície integrados às ciclovias passam a ter um papel fundamental no Planejamento Urbano eficaz. A implantação de sistemas integrados de ciclovias, transporte urbano que os holandeses utilizam a tempos é um excelente modelo a ser adotado, por ser de baixo custo, não poluente e proporcionar melhoria da saúde física e mental da população. A Educação Ambiental voltada para a correta utilização das bicicletas, integrando sistemas de ciclovias com o de transporte de massa, melhoraria expressivamente a qualidade de vida nos grandes centros urbanos. O pedestre deverá fazer valer sua prioridade frente aos veículos motorizados. A Gestão dos Transportes Urbanos deverá ter os olhos voltados para o preço das passagens dos ônibus, permitindo o controle público e comunitário sobre os transporte urbano. As planilhas de custo deverão ser analisadas com isenção buscando o ponto de equilíbrio dos lucros, sem exploração das camadas mais pobres. Na realidade uma variação de alguns centavos a mais no preço das passagens dos transportes coletivos significam uma enorme transferência de capital das classes mais pobres "C" e "D" para a classe "A" - proprietária das frotas - aumentando o abismo social e a desigualdade na distribuição de rendas. A diminuição dos custos nas passagens poderá ser feita através do estimulo na conversão para o gás natural, hidrogênio, biocombustíveis nos ônibus, caminhões e táxis; e a diminuição real de impostos, considerando-se que os gastos com transportes coletivos representam uma fração expressiva no orçamento das famílias carentes. O governo deverá desestimular progressivamente o uso intensivo do automóvel, que deve ser tratado como transporte apropriado para deslocamentos de longa distância, e não como transporte para o dia a dia. Para tanto é conveniente adotar o sistema de reciclagem da frota com urgência. A fabricação de novos veículos automotores deverá estar necessariamente vinculada à reciclagem dos veículos obsoletos e poluidores, é necessário adotar um programa de "controle de natalidade" para os automóveis. Desta forma se estará combatendo a criminalidade crescente verificada nos desmanches clandestinos e nos ferros-velhos receptadores de veículos roubados que exploram o comércio ilegal de peças. Dentro do conceito da "Economia Cíclica", a Industria Automobilística deverá cuidar de seus veículos até serem convertidos em aço novamente, priorizando a extração secundária do Ferro através de mecanismos facilitadores da Economia de Mercado, tais como a renovação da frota, dar prioridade à fabricação das Vans e dos Micro-Ônibus, a aplicação de um controle de natalidade na fabricação dos novos automóveis, certamente aliviará o trânsito com a retirada dos carros velhos. O governo também deverá investir na diminuição da demanda de transporte pelo desenvolvimento tecnológico, pelo estímulo ao trabalho doméstico com a supressão de viagens desnecessárias, portanto menos desperdícios energéticos, menos emissões de poluentes, diminuindo congestionamentos e neuroses urbanas através do uso da Internet em trabalhos burocráticos e de análises. Não há necessidade de reunir todo o pessoal nos escritórios se cada um tem seu computador e pode realizar as tarefas em casa, e enviar através da Internet. Esta medida aliviaria o trânsito de forma mais significaiva do que o rodízio de automóveis que é aplicado em São Paulo, uma medida inócua. Amenizar o tráfego em áreas residenciais, através do desenho urbano que obrigue a uma redução de velocidade e um comportamento mais prudente dos motoristas; fazer a Polícia de Trânsito agir dentro de Programas de Educação Ambiental, de forma preventiva com relação às infrações e crimes de trânsito. Mas, o que verificamos em Curitiba é uma próspera "Industria de Multas", agindo de forma inconstitucional, tercerizando os serviços e as receitas de forma obscura, colocando sensores em locais totalmente inadequados, que exigem grande malabarismo para evitar as multas. Sensores com a finalidade de apenas explorar os cidadãos e aumentar o estresse da vida cotidiana. O que se espera do Ministério Público é exigir transparência dos montantes arrecadados e como está sendo gasto todo esse dinheiro. Afinal, onde está o dinheiro ? E quem esta lucrando com a próspera Industria de Multas? Os Terminais de ônibus, cada dia mais congestionados, os serviços de transportes urbano cada dia pior, e não enxergamos soluções à vista.
segunda-feira, 23 de junho de 2008
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