A reciclagem de pneus é um assunto complexo que envolve um gerenciamento integrado entre Empresas Fabricantes, Empresas de Recauchutagem, Consumidores de Energia Térmica, Geração de Energia Elétrica, bem como consumidores de Artefatos de Borracha e seus subprodutos. A revista da National Geographic Society, edição de julho de 1996, publicou um interessante artigo mostrando que nos Estados Unidos da América tem mais de dois bilhões de pneus descartados em Aterros Sanitários e estoques diversos, caracterizando um grave problema ambiental. Este número é acrescido em 310 milhões de pneus todos os anos. É importante salientar que a queima de pneus libera SO2 causando chuvas ácidas que poluem as águas dos rios. A combustão de pneus também libera diversos gases tóxicos como NOx , as Dioxinas e os Furanos que poluem muito o ambiente. Os pneus, quando queimados, produzem uma fumaça altamente tóxica e poluidora, como não são biodegradáveis, se abandonados no meio ambiente, transformam-se em criatórios de insetos, especialmente do mosquito transmissor da Dengue o Aedes Aegypty. Larvas do mosquito têm sido freqüentemente encontradas nos terrenos baldios que acabam se transformando em depósitos clandestinos de pneus velhos por falta de uma política de reciclagem. Por outro lado, observe que os escândalos nas políticas de segurança pública, envolvendo traficantes em ações do Exército no Rio de Janeiro, colocaram de lado toda a ação integrada que estava havendo para combater a Dengue. A questão da Segurança Pública se sobrepõem às questões da Saúde Pública, mas falta um catêto neste triângulo : o da Educação Pública. Mas, voltemos à reciclagem dos pneus : se utilizar-mos a desintegração dos pneus através de microondas de alta potência, em atmosfera de Nitrogênio, em meio anóxido, é possível gerar energia elétrica e recuperar integralmente as matérias primas constituintes destes pneus. Um pneu médio de pick-up produz 4 kg de Carbono, 900 gramas de aço, um galão de óleo que poderá ser utilizado junto com o óleo diesel e 31 gramas de enxofre de alta pureza além dos KWh que são gerados no processo exotérmico. A Petrobrás, Unidade de São Mateus do Sul no Paraná é detentora do processo chamado Petrosix que incorpora pneus picados junto com o xisto betuminoso antes do craqueamento possibilitando a fabricação de óleo, gás, geração de energia elétrica e enxofre obtido na Unidade de Desulfurização. Os rejeitos sólidos são utilizados como adubos na recuperação de áreas degradadas que já foram mineradas na extração do xisto betuminoso. Atualmente são reciclados em São Mateus do Sul cerca de 5 milhões de pneus por ano, mas a capacidade instalada da usina é para reciclar até 27 milhões de pneus por ano, que se fossem jogados na natureza demorariam mais de 600 anos para se biodegradarem em compostos inócuos ao meio ambiente. Portanto, é de grande importância utilizar a capacidade máxima de reciclagem desta Unidade de forma integrada às propostas da Agenda 21 Local. Iniciativas pioneiras têm sido adotadas pelos órgãos de Controle Ambiental da Austrália. O EPA Environment Protection Authority New South Wales, tem feito um bom gerenciamento dos estoques de pneus usados. O Japão, por razões de pouco espaço e de boa política na preservação do meio ambiente, é o país mais adiantado na reciclagem de pneus usados, adotando um modelo integrado de soluções. O Brasil precisa estabelecer programas para este passivo ambiental, inclusive para geração de energia elétrica. Até 2005 o Brasil deveria ter solucionar este complicado problema ambiental: a destinação dos milhares de pneus usados que se amontoam sem o menor controle nos cursos d’água, aterros e terrenos baldios. Esse é o prazo que o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estipulou para os fabricantes ou importadores de pneus se adequarem à resolução 258/99. Somente no ano passado, a instituição contabilizou a importação de 10.000 pneus usados e 18.455 recauchutados. A resolução do Conama prevê uma adequação paulatina. Neste ano, para cada quatro pneus fabricados ou importados, um deve ser reciclado ou destruído; em 2003, a proporção reduz para um em cada dois que entram no mercado; em 2004 a proporção fica um por um; e em 2005 a situação se inverte: para cada quatro produzidos ou importados, cinco terão que desaparecer. Caberá aos ambientalistas, as ONG´s e à imprensa acompanhar a veracidade destes cronogramas. O conceito de sustentabilidade na Economia Cíclica parte da premissa de que as empresas devem acompanhar o ciclo de vida de seus produtos, das matérias primas, até a completa degradação dos mesmos na natureza. Portanto em qualquer análise Econômica, a Lei da Conservação das Massas e a Lei da Conservação da Energia, deverão ser contabilizadas. Trata-se de um novo conceito com que os Economistas ainda não estão familiarizados. Muitos conhecem os preços dos produtos, mas desconhecem os custos ambientais de reciclagem e de degradação dos mesmos até chegar a formas inócuas ao meio ambiente. A solução ambiental de cada produto deverá ser objeto de pesquisa das empresas fabricantes, estabelecendo alianças com governos, levando a mudanças de hábitos dos consumidores através de intensas campanhas educativas. Caso contrário não haverá Lixões nem Aterros Sanitários que suportem tamanha quantidade de rejeitos - lixos de diversas origens - que será produzida pela população da Terra nos próximos anos.
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P.S. : O Gerenciamento final dos Pneus Usados em vários países , poderá ser pesquisado nos trabalhos da Agência Ambiental da Austrália. Scoping Paper for the Tire Industry Waste Reduction Plan. Source: ANZECC Taskforce report , EPA Environment Protection Authority Austrália.
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