Moscow metro, Kievskaya Station
Estimado Leitor
"Piano, piano se và lontano..." Em termos de metrô, esta citação italiana, definitivamente não funciona, é uma falácia. Devagar não se vai ao longe e o sofisticado Equipamento o Tatuzão de São Paulo avança bem de vagarinho, bem de mansinho. Os metrôs, como todos sabem , é o crème de la crème dos transportes públicos em massa, em todo o mundo. Mas são projetos caros, projetos complexos e demorados de serem elaborados, com problemas paralelos de desapropriação, desabamentos, renovação da tecnologia, enchentes, abalos sísmicos, explosões, acidentes entre outras mazelas. Mas, vamos por partes, vamos aos números, o metrô de São Paulo foi inaugurado em 1976, visitei-o logo após sua inauguração, para experimentar o trecho Santana-Jabaquara, tudo muito bonito, moderno, funcionando perfeitamente, tudo jóia, nada de bijouterias, tudo "Brand New".
Todavia, mais de 30 anos após sua inauguração, ficamos quase na mesma estaca zero : 61,3km de extenção e 30km em expansão, e um aumento na demanda dos serviços para aproximadamente 3 milhões de passageiros por dia, a um preço de R$ 2,40 na tarifa normal. Mas, o Governo Serra reage, e de vagarinho as obras vão sendo retomadas com novos investimentos de US$ 3 bilhões para a expansão do metrô e da CPTM. Mas, diga-me amigo leitor : Aonde está a Estação da USP aquela lá dentro do Campus principal, a do Alto Pinheiros, a do Butantã? As Estações dos Aeroportos de Congonhas e de Cumbica em Guarulhos? E, a Estação de Campinas então, esta só começará a circular junto do expresso 2222. Falta muita coisa para o metrô de São Paulo ser considerado eficiente.
Mas, um amigo mineiro visitou Moscou e me contou algums fatos interessantes, as suas impressões sobre Moscou e seu metrô. Todos sobejamente criticam os erros do Socialismo Soviético, mas nada se fala dos grandes acertos. Após as reformas iniciadas por Michail Gorbatchev, a Perestróika e a Glasnost, nos anos 80, para aliviar a pesada burocracia da nomeklatura do Kremlin e do aparatchik do Partido Comunista, afinal qual foi o saldo positivo do regime Soviético ? Perguntou ele a alguns Moscovitas, uma conversa que não é nada fácil, sem a ajuda de um intérprete. A resposta quase unânime foi efusivos elogios ao excelente sistema de transportes públicos, o mêtro de Moscou, antigo, mas funcionando muito bem, e a empresa de energia, a poderosa "Gazprom" que, quase nunca os deixou na mão, ou melhor na escuridão. Mas é interessante fazer uma análise comparativa em números, entre o metrô de Moscou e o de São Paulo, vamos por partes :
Quanto ao metrô de Moscou, por apenas 15 rublos (cerca de R$ 1,20 a metade da tarifa de São Paulo de R$ 2,40), tem 220 km de extenção à sua disposição, isto mesmo 220km contra os 61,3km de São Paulo, em diversas direções da grande metrópole Russa. O preço do bilhete do metrô dá direito a um eficiente deslocamento pela capital da Rússia e, muitas vezes, a um passeio por plataformas de estações de extraordinária beleza, grandes espaços onde se espera uns 90 segundos. As primeiras Estações foram construídas durante o governo de Joseph Stálin, em 1935, o metrô de Moscou é um dos mais freqüentados do mundo, uns 8 milhões de pessoas sobem e descem dos vagões por dia, numa cidade de pouco mais de 10 milhões e tem 171 estações, numa rede de 12 linhas. Algumas estações foram construídas durante a Segunda Guerra Mundial que passam sob o rio Moscou são muito profundas e foram planejadas para serem abrigos seguros em caso de bombardeio. São Paulo com seus 17 milhões de habitantes precisaria muito mais do que estes míseros 61,3 km, o que está em expansão somente valerá depois de inaugurado, é pouco, muito pouco. Todo cidadão russo deve ter orgulho da sua Capital, aquelas construções majestosas, imensas, uma Arquitetura tão exótica, os altíssimos muros do Kremlin, são coisas que chocam as pessoas que vivem no Capitalismo, onde os valores descartáveis se sobrepõem ao que é belo e duradouro. Sob o regime de Stálin, entre os anos 30 e 50, surgiram as estações mais grandiosas do metrô Moscovita, com lustres suntuosos e decoração palaciana. Paradoxalmente, em todas elas, a ideologia da revolução comunista está presente, seja na quase onipresença da figura do ditador, seja nos afrescos e estátuas que remetem ao trabalhador, sempre em ação no seu ofício ou claramente feliz com a esposa e filhos. É o luxo para todos, à maneira do realismo soviético, isto é, uma severa opulência.As estações construídas sob os governos de Nikita Kruschev e Leonid Brezhnev, entre os anos 50 e 70, ganharam ares mais austeros, com iluminação e decoração bem mais simples, apenas com azulejos e colunas cujas formas e cores as diferenciavam. Dos anos 80 para cá, as novas estações voltaram a ser mais extravagantes e arrojadas. Aliás, austeridade é uma palavra bastante apropriada não só ao metrô, mas ao país ainda hoje. No metrô, o rigor começa do lado de fora das estações, geralmente construções de cimento à vista de cores mortas, com o nome do local incrustado no topo delas, o que contrasta com o que há no interior de algumas delas. Muitas bilheterias são de uma austeridade franciscanas. Todas as estações, limpas e quase livres de pichação e publicidade, têm o mesmo desenho básico: escadas rolantes estreitas e longuíssimas (a maior é da estação Park Pobedy, com mais de 120 metros) que desembocam na plataforma de embarque, um corredor ladeado pelos trens, cada um em sua direção. Como os trens passam, em média, a cada 90 segundos nos dias de semana (eficiência total), é comum passar mais tempo na escada em direção a eles do que a esperá-los na plataforma. Por exemplo, na estação VDNKh, são necessários 2 minutos e 15 segundos para vencer a íngreme escada rolante.Na plataforma, a dúvida: qual trem pegar, o da direita ou o da esquerda? A programação visual das placas de informação do metrô, todas apenas em cirílico, é tão sóbria e suscinta que quase as deixa desapercebidas, especialmente para quem não domina o russo. Nota: se não dominar o Russo, tente o Francês ou o Espanhol, mas, é bom não arriscar a língua Inglesa. Iluminadas por lâmpadas fluorescentes por trás, as placas se dividem em duas: todas as estações da linha, a partir da estação em que você está, é listada, uma ao lado da outra; uma parte apontada para a direita e a outra para a esquerda. Depois de algum tempo conferindo no mapa (que você não encontra em nenhuma estação), você opta por um dos lados, normalmente o lado errado. Às vezes acontece de se tomar o vagão na direção oposta, coisa muito natural, tamanha complexidade do intrincado alfabeto cirilico. Você percebe isso de duas maneiras. A mais óbvia é que a estação seguinte não era a que você esperava. A outra, mais sutil, é a voz do sistema de som do vagão que informa a próxima estação: se for masculina, (a voz de um capataz) o trem vai em direção ao centro (ou "ao trabalho"); feminina e suave, na direção contrária (ou "para casa"). Na linha circular, a voz masculina soa nos vagões que trafegam no sentido horário, e a feminina, no anti-horário. Quase ninguém dorme no metrô de Moscou, vacilou dançou, mas o espaço interno é bom, melhor do que o metrô de São Paulo, onde os passageiros viajam mais prensados do que Atum em lata. Hoje em dia, é muito difícil um sono embalado no MP3 na voz melodiosa de Frank Sinatra como nos anos 70 "Don't sleep in the subway, ... it is impossible..."
Mas, um amigo mineiro visitou Moscou e me contou algums fatos interessantes, as suas impressões sobre Moscou e seu metrô. Todos sobejamente criticam os erros do Socialismo Soviético, mas nada se fala dos grandes acertos. Após as reformas iniciadas por Michail Gorbatchev, a Perestróika e a Glasnost, nos anos 80, para aliviar a pesada burocracia da nomeklatura do Kremlin e do aparatchik do Partido Comunista, afinal qual foi o saldo positivo do regime Soviético ? Perguntou ele a alguns Moscovitas, uma conversa que não é nada fácil, sem a ajuda de um intérprete. A resposta quase unânime foi efusivos elogios ao excelente sistema de transportes públicos, o mêtro de Moscou, antigo, mas funcionando muito bem, e a empresa de energia, a poderosa "Gazprom" que, quase nunca os deixou na mão, ou melhor na escuridão. Mas é interessante fazer uma análise comparativa em números, entre o metrô de Moscou e o de São Paulo, vamos por partes :
Quanto ao metrô de Moscou, por apenas 15 rublos (cerca de R$ 1,20 a metade da tarifa de São Paulo de R$ 2,40), tem 220 km de extenção à sua disposição, isto mesmo 220km contra os 61,3km de São Paulo, em diversas direções da grande metrópole Russa. O preço do bilhete do metrô dá direito a um eficiente deslocamento pela capital da Rússia e, muitas vezes, a um passeio por plataformas de estações de extraordinária beleza, grandes espaços onde se espera uns 90 segundos. As primeiras Estações foram construídas durante o governo de Joseph Stálin, em 1935, o metrô de Moscou é um dos mais freqüentados do mundo, uns 8 milhões de pessoas sobem e descem dos vagões por dia, numa cidade de pouco mais de 10 milhões e tem 171 estações, numa rede de 12 linhas. Algumas estações foram construídas durante a Segunda Guerra Mundial que passam sob o rio Moscou são muito profundas e foram planejadas para serem abrigos seguros em caso de bombardeio. São Paulo com seus 17 milhões de habitantes precisaria muito mais do que estes míseros 61,3 km, o que está em expansão somente valerá depois de inaugurado, é pouco, muito pouco. Todo cidadão russo deve ter orgulho da sua Capital, aquelas construções majestosas, imensas, uma Arquitetura tão exótica, os altíssimos muros do Kremlin, são coisas que chocam as pessoas que vivem no Capitalismo, onde os valores descartáveis se sobrepõem ao que é belo e duradouro. Sob o regime de Stálin, entre os anos 30 e 50, surgiram as estações mais grandiosas do metrô Moscovita, com lustres suntuosos e decoração palaciana. Paradoxalmente, em todas elas, a ideologia da revolução comunista está presente, seja na quase onipresença da figura do ditador, seja nos afrescos e estátuas que remetem ao trabalhador, sempre em ação no seu ofício ou claramente feliz com a esposa e filhos. É o luxo para todos, à maneira do realismo soviético, isto é, uma severa opulência.As estações construídas sob os governos de Nikita Kruschev e Leonid Brezhnev, entre os anos 50 e 70, ganharam ares mais austeros, com iluminação e decoração bem mais simples, apenas com azulejos e colunas cujas formas e cores as diferenciavam. Dos anos 80 para cá, as novas estações voltaram a ser mais extravagantes e arrojadas. Aliás, austeridade é uma palavra bastante apropriada não só ao metrô, mas ao país ainda hoje. No metrô, o rigor começa do lado de fora das estações, geralmente construções de cimento à vista de cores mortas, com o nome do local incrustado no topo delas, o que contrasta com o que há no interior de algumas delas. Muitas bilheterias são de uma austeridade franciscanas. Todas as estações, limpas e quase livres de pichação e publicidade, têm o mesmo desenho básico: escadas rolantes estreitas e longuíssimas (a maior é da estação Park Pobedy, com mais de 120 metros) que desembocam na plataforma de embarque, um corredor ladeado pelos trens, cada um em sua direção. Como os trens passam, em média, a cada 90 segundos nos dias de semana (eficiência total), é comum passar mais tempo na escada em direção a eles do que a esperá-los na plataforma. Por exemplo, na estação VDNKh, são necessários 2 minutos e 15 segundos para vencer a íngreme escada rolante.Na plataforma, a dúvida: qual trem pegar, o da direita ou o da esquerda? A programação visual das placas de informação do metrô, todas apenas em cirílico, é tão sóbria e suscinta que quase as deixa desapercebidas, especialmente para quem não domina o russo. Nota: se não dominar o Russo, tente o Francês ou o Espanhol, mas, é bom não arriscar a língua Inglesa. Iluminadas por lâmpadas fluorescentes por trás, as placas se dividem em duas: todas as estações da linha, a partir da estação em que você está, é listada, uma ao lado da outra; uma parte apontada para a direita e a outra para a esquerda. Depois de algum tempo conferindo no mapa (que você não encontra em nenhuma estação), você opta por um dos lados, normalmente o lado errado. Às vezes acontece de se tomar o vagão na direção oposta, coisa muito natural, tamanha complexidade do intrincado alfabeto cirilico. Você percebe isso de duas maneiras. A mais óbvia é que a estação seguinte não era a que você esperava. A outra, mais sutil, é a voz do sistema de som do vagão que informa a próxima estação: se for masculina, (a voz de um capataz) o trem vai em direção ao centro (ou "ao trabalho"); feminina e suave, na direção contrária (ou "para casa"). Na linha circular, a voz masculina soa nos vagões que trafegam no sentido horário, e a feminina, no anti-horário. Quase ninguém dorme no metrô de Moscou, vacilou dançou, mas o espaço interno é bom, melhor do que o metrô de São Paulo, onde os passageiros viajam mais prensados do que Atum em lata. Hoje em dia, é muito difícil um sono embalado no MP3 na voz melodiosa de Frank Sinatra como nos anos 70 "Don't sleep in the subway, ... it is impossible..."
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