Não, definitivamente não se trata daquela oficina mecânica que conserta o seu velho Santana Quantum, que já deveria ter ido para a sucata, onde aquele ladino mecânico lhe apresenta orçamentos astronômicos, para retirar aquele barulho irritante,
‘cri-cri-cri’, na caixa de câmbio, que rosna, após engatar a quinta marcha. Também você lê jornais, e já não encontra graça no
‘cri-cri-cri’ do jornal, somente
crimes,
crises,
criadas mal
criadas e
crianças mal tratadas idem, mais
crimes, mais
crises, mais pedofilias, mais desvios de conduta, ibidem, é muito difícil encontrar uma notícia realmente
“nova” no jornal diário, é coisa muito rara.
É a sociedade de consumo hedonista, tão padronizada, tão pasteurizada, que somente um vulcão islandês, chamá-lo-emos de “E” apenas, para trazer alguma nova emoção nos aeroportos, com passageiros angustiados a gritar pelos seus direitos, tal qual o quadro Edward Munch “O Grito”. Angustias e ansiedades, fazem parte da sociedade capitalista linear. O avião que deveria partir 17h53min’ não partiu por sorte, todavia não se partiu também, isto é uma questão de relatividade, É.
Então, sorrateiramente aparece a questão fundamental da filosofia, o suicídio ou então celebrar a vida? Sartre dizia, com maestria, que a única questão que realmente vale a pena ser pensada em toda a longa história da filosofia, é a questão do suicídio. Um Sujeito Oculto, não sentirá o aniquilamento, se ele encontrar uma maneira, um meio de ser, uma linha de pensamento, que faça sentido e traga Sol nos seus dias, ou por uma estação, ou por algumas outras estações ou nada mais. Mas espera aí, mudaremos de assunto, isto não é uma boa literatura, nem um tratado de filosofia, ora, pois, desculpe-me as digressões...
Para mim, o Triatlo é muito mais difícil do que a Mecânica Quântica, e, uma vez que não levava jeito, nem traquejo para ser surfista, e tinha medo de dentada de tubarão, a alternativa foi ser analista, surfar nas ondas de raio-x e isso me levou a estudar muitas matemáticas, funções multi-variáveis, funções de variáveis complexas, funções lineares com múltiplas interferências.
Falaremos de “Triatlo”, prova duríssima que justifica as aspas. Aquela prova que o sujeito corre, nada, e anda voando baixo de bicicleta, somando mais de trocentos kilómetros. Caso o Tri-atleta(!) não morra no percurso, sem infartos do miocárdio nem desmaios, deshidratação, ou aneurismas cerebrais, então será a glória maior. Ganhará uma medalhinha de latão dourada, prateada, ou cobreada, conforme a situação ou um Diploma ‘com louvor’ mais ou menos assim : Fulano De Tal (sic) chegou ao término da prova “Carcarás de Ouro”, com data, e assinaturas incógnitas.
As incógnitas, quanto trabalhos deram estas para serem decifradas. O segredo das grandes vontades, como dos grandes talentos não é outro senão a intuição da incógnita. Quando o espírito tem consciência de sua ignorância, ele sente a necessidade de debelá-la, este jamais poderá se fechar novamente à casca de noz moscada que habitava, isto é, a função é que dá a forma.
Assim caminha a humanidade, em busca de algo que acabe com o tédio, e aquelas prova de surf, skate ou moto-trail, então? Na pista hiperbólica, mais do que radical, o céu é o limite, anda-se até no corrimão das escadas, em busca de uma longa fisioterapia ocupacional, muita platina nos ossos, que na realidade usam aço inox mesmo, e cobram os serviços médicos a preço de platina pura.
Calma, iremos por partes, como os bons alpinistas, subiremos a montanha por etapas, chegarei ao assunto que titula esta modesta crônica, um exórdio das necessidades, que estranhamente nos faz passar domingos de sol destrinchando complicados operadores Nabla Laplacianos, Newtonianos, Álgebra Linear, Auto Valores , Auto Vetores, Geometria Analítica e Descritiva, misturadas com Cálculo Diferencial e Integral e Cálculo Vetorial entre outras coisas misteriosas, que levaram muitos professores ao alcoolismo e finarem em poucas décadas.
Tudo para desvendar os mistérios da Física, da Química e da Matemática, e quem sabe, a tal da Mecânica Quântica. Eu pratiquei isto, durante muitos anos de minha modesta vida, confesso que vivi, e tenho novidades na minha mala preta, são novas aplicações destas...
O 1º Princípio da Mecânica Quântica, segundo Neils Bohr, diz “Apenas níveis de energia específicos são possíveis para os elétrons nos átomos”. Isso significa que cada elemento químico tem seu comprimento de onda característico quando excitado por uma fonte de alta energia, às vezes nem tão alta, assim. Você aí da poltrona, teria um bico de bunsen em casa, não? Então vai na boca do fogão mesmo. Sódio, sal de cozinha, cloreto de sódio, uma micro pitada na colherinha ao fogo, chama amarela viva, Potássio do remedinho de reposição, chama amarelo-alaranjado, Lítio remedinho de estabilidade, chama vermelho carmesim, e daí? Não há possibilidade de confundir as radiações secundárias elementares, cada elemento está na sua onda. Eu bem que tentei a carreira de surfista nos primeiros anos da juventude, mas na falta de traquejo e de molejo nos joelhos, mais o medo de tubarões, levaram-me aos estudos das ondas quânticas.
O sódio dança twist no espectro visível cor amarela, o potássio dança rock’n’roll no espectro amarelo-alaranjado, o lítio dança jazz no espectro vermelho carmesim, até o Cálcio, a fotometria de chama funciona bem, depois é preciso uma fonte de energia mais enérgica e poderosa, como um acelerador de elétrons, um tubo de raio-x, ou as fortíssimas reações estelares. O que acontece então? Saímos do espectro visível e entramos no espectro invisível, do infravermelho, o ultravioleta, raios-x, os raios gama, entre outros. Muitas coisas que não são vistas, não quer dizer que não existam, podem ser sentidas, como os raios ultra violentos no Sol da praia, é a Uva, Uvb, etc... Cuidado, o invisível poderá ser nocivo, também.
Por exemplo, se você prender uma cobra e um ratinho em uma sala, totalmente escura, a cobra vai acabar matando e comendo o ratinho porque ela enxerga no espectro do infravermelho, a temperatura do ratinho, e no seu caso, acabará pisando na cobra e tomando uma mordida.
Depois do Cálcio, número atômico 20, precisará de uma fonte de raio-x para dar um ‘peteleco quântico’ em cada elétron, provocar uma vacância, e um rearranjo no eletro-esfera e a posterior emissão da radiação secundária. O tubo de raio-x é um diodo, composto de um cátodo, fortemente excitado em corrente contínua com uns, digamos 100kV (kilo-Volts) e uns 40mA (mili-Ampéres), e um ânodo fortemente aterrado. Entonces, pela Lei de Ohm, são 4000Watts, ou 4kW para deixar os elétrons bem excitadinhos, bem espertinhos, fazendo as transições K alpha, K beta, L alpha, L beta, L gama nos orbitais. Então (bizzzt) todas as raias analíticas vão aparecer e você vai qualificar os elementos pelo comprimento de onda, segundo a Equação de Duane-Hunt, usando a Lei de Bragg e quantificará os elementos pela Equação de Max-Planck. Quanto mais curtas as ondas, maior a penetração destas. Quanto mais intensidade, maior quantidade. Mas, aonde pretendo chegar nesta dissertação toda? - Ao esforço de Sífiso, da mitologia grega, uma bela civilização que já teve seus momentos áureos, muito mais que hoje.
O Rei de Corinto, Sísifo, segundo a lenda grega, tendo escapado do proto-inferno, haja vista que ainda Dante Alighieri não havia escrito a Divina Comédia, e como castigo pela fuga, foi condenado a empurrar uma pedra muito pesada até o alto de uma montanha, o Olimpo. Quando terminava o seu trabalho, os Deuses empurravam a pedra, que despencava morro abaixo e Sísifo era obrigado a recomeçar seu duro trabalho tudo de novo. O “castigo de Sísifo”, ou de quem escreve, é estar sempre lendo manuais e livros e revistas em geral, para se atualizar e para se fazer entender por seus leitores. - Entendeu?
Nunca se atualiza completamente e nem sempre se faz entender pelos leitores. Não se fazer entender pelos leitores é o pior castigo que pode acontecer a quem escreve. É o castigo de Sísifo, redobrado, mais subida na serra, mais pedras rolando serra abaixo, talvez donde saiu o nome do conjunto de Rock, the Rolling Stones, que se esforçam para serem compreendidos, há décadas, sem nunca encontrarem a satisfação desejada (I can’t get no, satisfaction). Pobres rapazes...
É claro que não tratarei das equações, neste curto espaço, mas se o leitor acreditar que os assuntos da Mecânica Quântica deram à Einstein, Max Planck, Enrico Fermi, Niels Bohr, Maxwell, e muitos outros, inclusive eu , um sentido maior em suas vidas, nos seus laboratórios, nas suas dissertações, então Sífiso não precisará subir com a grande pedra ao alto da montanha novamente.